sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Emoções + Arquitetura: O que as músicas têm a dizer sobre lugares?

Já faz um tempo que boa parte da minha atenção é dedicada a pensar sobre como nós, seres humanos, somos genuinamente afetivos e emocionais em tudo. Esse interesse me fez embarcar em uma jornada de pesquisa focada na nossa relação afetiva com os lugares e me deu suporte para escrever uma dissertação de mestrado abordando esse tema. As emoções, aquelas que geram calafrios, ações/comportamentos incontroláveis do corpo, chegam ao cérebro por meio do afeto direto de estímulos que entram pelas vias sensoriais, além disso, a recuperação da memória de algum afeto e do sentimento sobre ele também pode aflorar emoções. A princípio, nem sabemos exatamente o que são tais emoções, que significados têm, até que uma emoção vire sentimento. 
O meu maior foco de pesquisa tem envolvido a visão, um dos principais veículos sensoriais. Utilizei até o eye tracker (óculos de rastreamento ocular) para analisar como as formas, cores e composições tridimensionais podem nos afetar. Mas também tenho uma grande curiosidade no que diz respeito aos afetos sonoros. Unir som e arte pode nos emocionar de uma forma peculiar, estabelecendo conexões profundas. Dos gatilhos que temos ao ouvir músicas surgem evocações de memórias. Resgatamos imagens: paisagens, cenários, impressões culturais. Lembramos de coisas que nos marcaram, da emoção que sentimos, do sentimento que tivemos. 
Eu simplesmente me realizo descobrindo mais e mais sobre os estímulos que os lugares nos enviam e como isso se desenrola no cérebro, simplesmente porque tudo o que acontece, acontece em algum lugar. A nossa existência depende necessariamente de um plano de fundo para ser real. E como arquiteta, que projeta espaços, lugares e ambientes da vida das pessoas, reforço a cada dia o importante papel social que tenho nesse sentido. Minha busca é incessante por me tornar cada vez mais capacitada para projetar de forma responsável patrimônios que incidem diretamente sobre a saúde mental dos indivíduos de forma perenal.
Não seria uma surpresa dizer que músicas que abordam os lugares e os descrevem me chamam muita atenção, né?
Eu coleciono uma listinha marota de composições musicais que referenciam lugares:

domingo, 12 de setembro de 2021

Autoamor

 

Fonte: Isabelle Feliu

É aprendizado. 
Em um mundo liderado por homens, que lucra com a baixa-autoestima das mulheres, 
o autoamor é um ato revolucionário. 
Nos amemos mais e tomemos as rédeas da nossa existência.
 

Obs.: a cadeira da ilustração é Thonet nº14 (usada em bistrôs, restaurantes, mas versátil e atemporal, foi uma das primeiras cadeiras com produção em massa na história do design industrial por ter uma montagem simples e funcional)

sexta-feira, 25 de junho de 2021

O elo entre a neurociência e a arquitetura

Entender as influências da neurociência na área da arquitetura é muito relevante. 

A neurociência é empírica e tem desenvolvido métodos, experimentos e instrumentos capazes de comprovar, medir e interpretar a influência dos ambientes construídos sobre os seres humanos. Esse conhecimento fornece, de forma a captar de maneira objetiva, o poder da arquitetura sobre a saúde e o comportamento das pessoas e potencializa investigações visando melhorar o papel desempenhado pela arquitetura na qualidade de vida psíquica dos indivíduos. 

Estar em locais planejados e pensados para o bem estar humano, nada mais é que um dos exercícios estimuladores da neuroplasticidade cerebral. Ou seja, a arquitetura pode influenciar na alteração do cérebro, de forma positiva, mas também infelizmente, quando mal elaborado ou propositalmente elaborado para oprimir, pode ser um gatilho para alterações cerebrais negativas, o resultado dependerá de como for a configuração do espaço.

Neste contexto, a neurociência pensada no prisma da arquitetura vem para instrumentalizar na escolha mais adequada para o conjunto de experiências que se deseja oferecer. As decisões projetuais são influências essenciais para esse objetivo: a escolha da iluminação, o pé-direito, os materiais, a acústica, a paleta de cores, etc. É importante entender como esses mecanismos acontecem para orientar as escolhas mais adequadas.

Alguns termos importantes para começarmos a entender:

neurogênese: gerar novos neurônios. Acontece na área do hipocampo - aprendizagem e memória. Atenção, altos níveis de estresse e pressão comprometem o hipocampo.

neuroplasticidade: modo com o qual o ambiente modela e modula o cérebro humano ao longo da vida. é a capacidade do cérebro de moldar-se.

neurônios-espelho: grupo de neurônios especializados em imitar ações e/ou intenções. É ativado quando ocorre uma ação e quando essa é observada. Ocorre também na leitura da intenção dos outros humanos. Relaciona-se à empatia. Está desenvolvido também na origem da fala humana, na imitação, na aprendizagem.

cognição: resulta da interação contínua entre cérebro - ambiente. 

O corpo (como todo) do organismo, em simbiose com o ambiente, determina a cognição.



Emoções e sentimentos

Emoções primárias
São responsáveis por nossa sobrevivência desde o homem primitivo:
alegria - tristeza - repugnância - raiva - surpresa

Emoções secundárias
São alteradas conforme a cultura em sua expressão com novos significados:
ciúme - culpa - vergonha - embaraço - orgulho

Emoções de fundo
São processos mentais físicos ou mentais contínuos, ou por interações do organismo com o meio. São induzidos por estímulos internos de regulação da vida. 
bem estar - atenção - fadiga - energia - mal estar - relaxamento - ansiedade - apreensão - calma

A maior fonte de todas as informações contidas aqui foram tiradas do 1º Simpósio DASMind, que eu participei como integrante do Gupo ACP.

segunda-feira, 21 de junho de 2021

O exercício da observação

Toda enxurrada de informações que recebemos diariamente afeta muito a nossa percepção sobre o mundo. Não digo apenas das bolhas de comunicação que vamos nos colocando nas redes sociais. Preciso de um descanso para afinar o meu olhar.

quinta-feira, 17 de junho de 2021

O que é a casa?


uma casa não é nunca
só para ser contemplada;

melhor: somente por dentro
é possível contemplá-la.

Seduz pelo que é dentro,
ou será, quando se abra;
pelo que pode ser dentro
de suas paredes fechadas;

pelo que dentro fizeram
com seus vazios, com o nada;
pelos espaços de dentro,
não pelo que dentro guarda;

pelos espaços de dentro:
seus recintos, suas áreas,
organizando-se dentro
em corredores e salas

(...)

Trecho de “A Mulher e a Casa”
de João Cabral de Melo Neto
Publicado no livro Quaderna (1960).